
Uma Tarja que Cobre o Pensar
O Homem da Tarja Preta marca a estréia do psicanalista Contardo Calligaris como dramaturgo. Interessante eu escrever novamente sobre algum estreante; o que me atrai em avaliar a vanguarda é a capacidade de aceitação à novas ideias que se tem que ter para fazê-la. Calligaris é autor de vários livros, e atualmente escreve para a Folha de São Paulo. Quando questionado pelo ator Ricardo Bittencour (Os Sertões - 2005), se gostaria de fazer um monólogo para ele atuar, a resposta foi positiva. A direção da peça ficou por conta da também atriz Bete Coelho (Elas São do Baralho - 2005), que já havia trabalhado anteriormente com temas envolvendo conflitos masculinos.A peça, como eu já disse anteriormente, trata-se de um monólogo; mas um monólogo recheado de diálogos cognitivos de um homem em conflito consigo mesmo. Tendo sido escrita por um conceituado psicanalista aborda temas como complexo de Édipo, de paternidade, enigma de feminilidade, fantasias exóticas e uma curiosa teoria sobre machos alpha e beta. O homem em conflito, cujo nome é o mesmo do ator que o interpreta, Ricardo, vive o seu segundo casamento. Tem suas consultas periódicas com seu segundo terapeuta, e durante a noite, quando sua esposa e filho dormem, ele encarna em um alterego que ele mesmo chama de "A puta da internet".O Homem da Tarja Preta representa o ideal do homem em crise, tentando descobrir a sua volta e tentando se descobrir. Não é à-toa que a CPFL Cultura promoveu a peça em quatro palestras de um módulo chamado "A crise do macho". Um show de roteiro, um show direção e um show de atuação.
Caio Ferreira - 3° Publicidade